Cristina DUARTE : Ari Cândido, seja benvindo aqui em Toulouse. Eu gostaria de saber primeiramente como é que você passou da fotografia para o cinema.
Ari CÂNDIDO : A fotografia é a imagem fixa, mas o cinema é movimento, imagem em movimento. Eu saí do Paraná e fui para São Paulo; em 1971, estava na Universidade de Brasília; São Paulo, Brasília, e aí fazendo exatamente um curso de cinema. Infelizmente, uma época de ditadura militar e a gente abandonou o país ; eu fui parar na Suécia. Na Suécia eu tive o meu primeiro curso de fotografia, por incrível que pareça, por um professor não sueco, mas da ilha de Madagascar, que fica em frente de Moçambique, que fala inclusive português. E aí eu fiz o curso numa associação de trabalhadores suecos e para estrangeiros também, de fotografia. Mas o desejo sempre de fundo foi cinema. Aí eu vim para Paris e cursei o curso de Estudos Cinematográficos e Pesquisas na Sorbonne Nova, Sorbonne Nouvelle, Paris III. Só que na Suécia eu também já filmava em super 8. Eu trabalhava com os movimentos de libertação da África, o MPLA da Angola, o Frelimo, e o PAIGC de Cabo Verde e Guiné Bissau. Como a Suécia recebeu muitos exilados - tanto « panteras negras », desertores da guerra do Vietnã - você sabe, o Olof Palm foi inclusive assassinado, a Suécia é um país social-democrata que dá um certo suporte - muitos brasileiros foram para lá inclusive depois de 73, do golpe no Chile. Eu realizava esses filmes e enviava a solidariedade sueca para os campos de libertação de Angola, Moçambique e Frelimo. Esses foram os primeiros filmes, portanto de solidariedade, que é uma coisa bem francesa, que aliás traz as suas três palavras : « fraternité », « liberté » e « solidarité». Não se deve esquecer a « solidarité », solidariedade… Nesse sentido, eles ficaram muito gratos e eu tive contactos com a direção ; eles tinham os seus escritórios do movimento de libertação da África. E a gente se identificava, talvez, pela cor mais escura, e toda a gente se aproximava dos africanos e no meio daquele frio, daquela neve branca, enorme, a gente tirava daquela neve branca, daquele povo bem claro, a gente tirava a solidariedade, ou seja, materiais como roupas, coisas que não serviam na sociedade de consumo, que é uma sociedade avançada, a sociedade sueca. A gente também enviava através de uma organização que tem inclusive um francês como fundador, que é uma organização chamada Emmaús, que é uma organizaçao que juntava roupas e enviava. Eu trabalhava lá e como solidariedade mandava os filmes e roupas que ajudava a empacotar. É isso, a gente é pobre, latino-americano, mas ajudando os pobres companheiros da África. Da fotografia, então, eu já estava fazendo cinema em super 8 e vim para Paris onde também encontrei pessoas, na cidade de Paris, que é uma cidade cosmopolita ; e nessa época romântica dos anos 70, eu também encontrei pessoas de outros países, um deles, esse da « Eritréia » (image). Eu estava cursando cinema e realizei um film na „Eritréia“ e também fotografia. Não deixei de lado a fotografia e também realizei um filme, junto com um companheiro árabe, que é um cineasta tunisiano chamado Mohammed Chabadi. O filme se chama « Por que a Eritréia ? » Dando continuidade, me formei em 77 em cinema, mas por aí também passou nesse ano, no final do ano, o cantor brasileiro chamado Martinho da Vila. E com o Martinho da Vila, que a gente teve que acompanhar, a gente realizou, com o Martinho que estava em Tours, que é um cantor popular também escuro que fazia sucesso e ainda faz sucesso na França, simpático, no seu balanço, eu realizei um filme chamado « Martinho da Vila, 1977 », que você deve ver imagens porque está aqui em Toulouse. Aliás uma cidade lindíssima, que convidou a gente fazendo essa homenagem ao negro brasileiro. É importante porque o negro fica meio ofuscado, tanto no Brasil como fora do Brasil, possivelmente. E esse cinema precisa ser mostrado porque ainda existe uma discriminação racial no Brasil, que foi um país escravagista com mais de três séculos de escravidão e que inconscientemente, força estereótipos, sedimenta na cabeça, no inconsciente até de crianças, a continuidade de tratar o negro como se fosse um serviçal ou de segunda categoria, ou apenas para serviços braçais ou sexuais e não para o pensamento, que é importante, ainda mais falando de estética ; então é importante essa passagem. Eu passei portanto da fotografia num pulo só. As imagens começaram a se movimentar em termos fotográficos e a gente cria imagens e movimento para a representação, para a interpretação da vida como real.
CD : Você foi a pessoa que deu o nome a esse movimento, a essa tendência estética que é o « Dogma Feijoada ». Será que você poderia explicar como surgiu a idéia da estética e também essa denominação ?
AC : A feijoada é feita com um feijão preto, em francês « haricot noir ». É um prato que tem pedaços de carne de porco e as partes não importantes do porco : a pata, a orelha, o rabo, que eram jogadas, no tempo da escravidão, da colonização portuguesa. E o Brasil fala português porisso, por herança, e hoje é uma língua falada em vários países e isso nos coloca em contacto mundial, isso devemos, sim, a Portugal ; sem esquecer as outras línguas internas que existem no Brasil. Mas isso unificou pelo menos o povo brasileiro junto com outros povos do mundo, nessa idade contemporânea. Essas partes do porco eram jogadas lá para os escravos, era aquilo que não servia. Não eram as partes boas, os músculos. As nossas velhas antepassadas recuperaram essas parte jogadas como migalhas da sociedade; recolheram isso e com suas duas mãos, seu bom tempêro, transformaram isso num prato hoje aceito, finalmente de cor escura, que é a feijoada : feijão preto, que era o comum, que misturava-se com arroz, com couve, etc… Esse prato, então, é um prato quase de resistência, é um prato forte. Essas senhoras, essas mães, davam aos seus homens, que tinham que trabalhar, e obviamente acompanhavam com uma boa cachacinha para esquentar o corpo e davam a seus homens que trabalhavam direto no dia, dormia-se e trabalhava-se ; então esse prato, a feijoada, é uma homenagem a essa existência, a essa força que esse prato deu e que se tornou hoje nacional e hoje é aceito. É um prato pesado, mas quem é que não gosta de comer um bom prato hoje no Brasil ? Quem não vai à Bahia, quem não vai ao Rio de Janeiro ? Um bom prato dessas mães negras antigas, que passaram de boca em boca as receitas. Então transformaram e criaram esse prato que é a feijoada. Porisso a homenagem dos cineastas. Esse aqui (imagem) foi um lançamento do « cinema feijoada », um lançamento na Cinemateca, como na Cinemateca, hoje, de Toulouse. Também lá em São Paulo foi lançado no ano 2000 com esses cineastas negros (imagem) : Ari Cândido, Billy Castilho, Daniel Santiago, Jeferson De, Noel Carvalho, Rogério Moura. No Festival de Toulouse estão Ari Cândido e também Zózimo Bulbul, que é do Rio de Janeiro. Esses aqui (imagem) são cineastas paulistas, mas não importa que seja no Rio, a gente foi agregando nesse movimento de agregação, de assimilação. O que quer dizer « Dogma Feijoada » ? Na verdade, nasceu de um manifesto escrito pelo Jeferson De ; seus filmes estão aqui no Festival de Toulouse. Ele escreveu um manifesto ; era um estudante que saiu da Escola de Comunicações, ECA, da Universidade de São Paulo, chamada USP. Fez um curso de cinema, veio do interior de São Paulo, Taubaté, e como era ainda um garoto jovem, escreveu um manifesto apelidado « Gente do cinema negro brasileiro ». Como não conhecia o passado - veteranos, patriarcas, como Zózimo e outros, aliás são pouquíssimos - ele criou uma referência e falou « vai nascer comigo o cinema » e colocou cinco tópicos : que o cinema não pode ter estereótipos de negros como bandidos com arma na mão ; estereótipos de mulher empregada, mulher que está sempre lavando, como se os anos não tivessem passado, havido um progresso tecnológico, etc... Pior ainda, ele se sentiu sozinho enquanto cineasta, como se fosse o único negro. E então apareceram um montão de negros nesse encontro que foi no Museu da Imagem e do Som. E aí, nós saímos para um restaurante ; obviamente bebemos cachaça-inteligência, comemos a feijoada, e comendo a feijoada eu dei o nome, dizendo : « olha, você está sendo muito dogmático », porque ele colocava os pontos : não deve ter estereótipo, que os negros têm que fazer cinema, que o negro tem que ser ator principal, personagem principal do filme, enfim, tudo negro. Aí eu o chamei, comendo um prato de feijoada : « a gente tem que fazer um cinema feijoada ; onde mistura todo esse processo, mas sem perder a identidade do feijão preto ». Ele concordou. Não contente com isso, continuou batendo na mesma tecla ; e eu : « não seja tão dogmático », portanto « Dogma Feijoada ». « Já que você é intelectualizado, estudei também em Paris, vamos conversar direito para a gente colocar os pontos, que é fazer cinema e fazer cinema para todos os brasileiros, sem perder a identidade racial de um segmento afro-brasileiro, descendentes portanto mais escuros, mais claros, descendentes, e sem negar que fomos uma raça assim escrava e inteligente, que trouxe muita contribuição a um país chamado Brasil, como todo o Caribe e América Latina onde teve outros escravos importados à força para a construção dessa América Latina de que falamos ».
CD : E você acha que atualmente o cinema brasileiro apresenta uma imagem do negro que é satisfatória ?
AC : Boa pergunta, essa. Esses cineastas e alguns atores, exatamente, vale o seu cinema porque acham que o foco, o central, o diretor, você aí atrás da câmera, aquele que está dirigindo, normalmente não tem uma certa identidade e pode até colocar bem, mas na maioria dos casos não tem uma certa identidade, o nosso olhar, o nosso próprio, nisso o Jeferson (De) está correto : nós próprios queremos realizar os nossos próprios filmes porque a gente estava cansado como reação de como somos mostrados no cinema nacional : negro bêbado, negro bailarino de samba, negrona bunduda, mulata gostosa, negro bandido, negro na cadeia, negro sorridente, negro como instrumento sexual apenas, como se fosse um forte, talvez representado na escravidão com os músculos e outros órgãos, enfim um montão de estereótipos que nos coloca meio à parte. O estereótipo coloca você como algo diferenciado e nós não queremos ser diferenciados, queremos ser brasileiros só, e infelizmente a telenovela e o cinema brasileiro em toda sua extensão coloca em parte essas mesmas coisas que a sociedade quinhentos anos vai reproduzir. E nós queremos dar um basta nisso, colocar um olhar diferente, com sensibilidade, que somos humanos, inteligentes, que temos religião e que não é a católica, ou até a católica, queremos colocar outras coisa sensíveis para que sejamos seres normais, não discriminados. Isso para que a gente corte esse cordão umbilical dos estereótipos da maneira que são colocados para nós, ou seja, nós negros, além de ter sofrido a escravidão, sofremos a agressão da televisão e do cinema, das imagens do audiovisual. Quer dizer, é uma reprodução em cadeia que não se corta, um círculo vicioso que nunca se corta. Então nós somos a ruptura e nós queremos passar isso para a frente, seja para francês, seja para aluno, seja para nossos filhos, seja para a sociedade, a gente quer dar um corte e o nosso corte é através dos nossos filmes, feitos com dificuldade, totais, porque se a imagem já é colocada do brasileiro típico ou como ladrão ou como apenas bandido ou apenas do lado da mulher, explorar, ou era empregada, ou era símbolo sexual, nunca para casar, nunca para construir família como normal, nós somos meio « out-door » da sociedade, fora da sociedade, e nós não queremos isso, queremos voltar para dentro, para o umbigo da sociedade e sem perder a identidade, porisso feijoada. Não tem feijoada sem feijão preto, não é, gente ? Ou tem ?
CD : Que eu saiba, não.
AC : Não dá aquela cor escura, não é feijoada ; é uma coisa meio escura, porisso feijoada. Foi um nome feliz, graças à boa cachacinha que eu tomei. Os amigos concordaram todos e a feijoada hoje é um movimento espontâneo, mas de alguns cineastas, aqui são três, seis cineastas, mas tem Zózimo, sete, Joel Zito (Araújo), oito, Dandara, nove, ainda tem vários cineastas. A gente se construiu como um grupo para que a gente não fique individualmente respondendo, criando uma ruptura, apanhando sozinho. A gente quer brigar em grupo e colocar esse vírus por dentro, de volta dentro da sociedade para que a gente tenha direito a realizar, já que pagamos impostos, já que trabalhamos secularmente, já que somos empregados, já que somos professores. A gente se formou e graças ao exílio do próprio Brasil da ditadura, eu me formei em cinema porque saí do país e o meu personagem em « O rito de Ismael Ivo », é um bailarino negro que também saiu do Brasil e se tornou diretor, na Alemanha, de dança e teatro, na República da Alemanha. Então, muitos saem fora e voltam de novo para a sociedade. A gente quer que os nossos filmes também comecem a viajar como aqui em Toulouse. A gente agradece essa homenagem lindíssima da Esther (Saint-Dizier), dezenove anos de « Encontros de Cinema da América Latina », que fazem com que a gente encontre outros cineastas, e mais, faz com que a gente encontre negros que vieram do Rio ; às vezes São Paulo-Rio é mais distante do que São Paulo-Toulouse. Faz então com que a gente se encontre e novamente coloque, dê informação e mostre os nossos filmes. Mostramos que nós podemos, sim, realizar e com sensibilidade, e mostrar o que fazemos, que vocês apreciem e julguem e vejam que negro não serve apenas para cozinhar, trabalhar no porto como operário, também faz cinema. Afinal, o conhecimento, e a França tanto luta por isso desde 1789, desde a Revolução Francesa para que as pessoas tenham acesso não só ao pão, mas sim à educação, à arte, à sensibilidade.
CD : Ari, justamente, você está aqui no Festival de Cinema de Toulouse, e eu gostaria de saber o que você pensa do cinema francês atualmente. Quais são os seus diretores favoritos , os seus filmes preferidos ?
AC : Os filmes franceses atuais, eu devo ter visto no Telecine dois ou três. Essa cidade aqui, que é uma cidade secular, ela é antes da Revolução Francesa, é uma cidade maravilhosa e continua guardando ainda o seu charme de arquitetura, o seu charme de estudantes novatos e mais, o que eu achei interessantíssimo em Toulouse, talvez porisso esteja sendo realidade daqui o décimo nono « Rencontres », é uma cidade mista, mestiça, como é o Brasil. Mesmo se tiver discriminação aqui em Toulouse ou na França, eu me senti super tranqüilo em Toulouse porque ela guarda ainda o seu ar da velha França do « bistrot », do pão, e os jovens que estão passeando por aqui, de todas as cores, japoneses, árabes, africanos, franceses, eu sinto que eles andam na rua e que o francês não está nada assustado com caras diferentes. Eu acho legal o que Toulouse tem, talvez um laboratório, como as nossas cidades de Curitiba, etc… são laboratórios não só raciais como culturais. Talvez o Festival esteja contribuindo com isso, sair na imprensa, sair na tv, contribuindo para que desmonte qualquer mentalidade ao contrário de querer voltar em velhas teses meio « francophones » ou xenófobas, coisa estrangeira, eu achei legal isso. Eu vejo, passeando pela rua, sozinho, passeando e olhando, vejo que circulam pessoas de várias cores, talvez como a bandeira da França que tem três cores e que pode dar outros sub-tons. Talvez a França seja interessante nisso. E a sua segunda pergunta, pode reforçar ?
CD : Sobre o cinema francês, os diretores atuais…
AC : Eu não vi muitos filmes franceses. Eu vi um ou dois filmes franceses. A gente tem professores, eu fui um aluno que fez a prova do IDHEC. Fiz isso em 1976, fui o sexto classificado na prova de estrangeiros do IDHEC, onde a gente tem professores maravilhosos como o (Jean) Douchet. Na França eu dirigi o cine-club da Casa do Brasil onde passava filmes brasileiros, mas nacionais também, franceses no caso. De Jean Vigo a Renoir, toda essa fase francesa de um cinema lindíssimo, a gente foi até 1950, 60. Todos os filmes de Godard, que influenciaram bastante a gente, como influenciou o Glauber Rocha e outros como o Rui Guerra, que fez o IDHEC. Então, dizendo isso, como eu sou formado na França, é ótimo estar fazendo essa retribuição, ir e voltar. Eu saí de Paris formado em 77 pela Paris III, como eu disse, « Etudes et Recherches Cinématographiques ». Isso fez com que a gente visse, assistisse muito filme, discutisse muito filme. E ia na Cinemateca, além do mais dirigi o Cine-Club da Casa do Brasil, e obviamente que esse Cine-Club cobrava entrada e o dinheiro era remetido para o Comitê da Anistia, que a gente estava em ditadura. Só uma informação, foi no ano de 79 que teve a Lei da Anistia, que muitos brasileiros hospedados graças à França e estudando na França sem perder tempo, voltaram ao país, voltaram ao Brasil, que teve uma anistia ; desde Fernando Henrique Cardoso a vários exilados e cineastas como eu que voltou e que agora volta aqui por baixo, pelo sul, volta novamente a Toulouse, trazendo os nossos trabalhos. O que a gente aprendeu aqui, a gente coloca de volta e retribui, numa mão que vai, numa mão que vem. Então, o cinema francês atual eu não conheço, mas acho que ele deve estar bom, ele passou por uma crise nos anos sessenta e pouco até oitenta, noventa, dois mil e agora deve estar um bom cinema. Espero assistir alguns filmes aqui nessa minha estadia, nesse convite, aproveitar para isso, para ver filme que a gente não vê lá. Mas queria dizer que eu gostei de dois filmes franceses. Um, que aliás até tem uma livraria aqui na rua da Cinemateca de Toulouse, que é Maldoror o nome da livraria, um filme chamado « Un Desert pour Constance », um filme de Sara Maldoror, que é uma moça escura de Paris, do Oceano Índico. O segundo filme foi com o Yves Montand e a Catherine Deneuve, eu era um ator apenas figurante e o filme chamava « Le Sauvage », o selvagem. Á França a gente deve muito, participou em cinema, em estudos com Marc Ferro, na Ecole d’Hautes Etudes en Sciences Sociales. Fiz História e Cinema e fiz a Paris III. Então, à França a gente deve muito do ponto de vista intelectual, e a gente retribui trazendo a prática, aplicando o que aprendeu aqui. É isso, o cinema francês está de parabéns ; que toda a população e essa tv ajude a retransmitir, fazer disso uma multiplicação do cinema que a gente está trazendo para aqui ; que o negro brasileiro não seja visto apenas como exótico, como carnavalesco ou apenas como um ser meio estranho, curioso, como um selvagem da América Latina, mas visto sim como produtor de cinema, com outras qualidades que não sejam só as qualidades normais, que talvez seja repassado para o exterior e a gente vem reconstruir essa idéia de que o brasileiro só é samba, carnaval, prostituição e bandido, « tueur » ou bandido escravo. A gente quer repassar com as imagens para que o nosso cinema deconstrua também aqui na França idéias que foram repassadas sem fundamento sobre o brasileiro. É isso.
CD : Muito obrigada.