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Avaliação participativa e em co-construção : uma intervenção transformadora do trabalho ?
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Descriptif
Avaliação participativa e em co-construção: uma intervenção transformadora do trabalho?
Magda Scherer, professora ; Thais Alessa Leite, médica ; Ana Claudia Cardoso Chaves, enfermeira ; Ricardo Saraiva Aguiar, enfermeiro ; Wallace dos Santos, professor- Universidade de Brasília ; Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal - Brasil
A necessidade de melhorar a organização e coordenação do trabalho em equipe, qualificar os gestores e demais trabalhadores, fortalecer o cuidado integral, ampliar a participação social, enfrentar a sobrecarga e o absenteísmo, no âmbito da atenção primária à saúde (APS), justificou a criação, em 2019, do Programa Qualis-APS no Distrito Federal, Brasil.
O programa objetiva qualificar o cuidado em saúde, num processo participativo e em co-construção entre gestores, demais profissionais e pesquisadores, por meio da implantação de um sistema de avaliação, orientado pela lógica da ergogestão. São diversos atores, várias visões da realidade, não tendo uma única e melhor maneira de fazer. É essencial considerar os conhecimentos e a experiência dos que produzem as ações, tornandoos sujeitos de autoavaliação. Isso porque há sempre distância entre o que se normatiza, o que o trabalhador deseja fazer e o que ele consegue fazer. São situações sempre singulares, em que não há e não pode haver receitas prontas.
Este estudo apresenta a experiência de implantação de um sistema de avaliação do trabalho de cerca de 5 mil trabalhadores de equipes multiprofissionais, distribuídos em 165 estabelecimentos de saúde e de diversos níveis de gestão da APS. Busca-se refletir como essa intervenção se constitui numa intervenção transformadora do trabalho.
Constituiu-se um comitê de direção composto por gestores e pesquisadores que desenharam o projeto inicial. Realizaram-se sete ateliers regionais com profissionais e usuários para obtenção de subsídios para elaboração dos instrumentos de autoavaliação do trabalho. Estes se baseiam na experiência e no conhecimento dos trabalhadores, associado às prescrições institucionais (construção participativa das normas antecedentes).
Também foi realizado diagnóstico das condições de estrutura dos serviços, de modo que, ao analisar o que fazem e como fazem, os trabalhadores pudessem associar essa análise às condições materiais da sua realização. Buscase que a avaliação seja formativa, que não se reduza a um check-list, se cumprem ou não as normas de qualidade.
Posteriormente foram feitos novos ateliers para organizar a autoavaliação. Entretanto, a pandemia de covid-19
alterou o planejado, aumentou a sobrecarga e o absenteísmo, retardando a autoavaliação, realizada entre agosto e dezembro de 2021, seguida da elaboração e implementação de planos de ação. Todos esses momentos foram marcados pela retomada das reuniões em equipe, destinação de tempo para a análise das situações de trabalho, em busca das reorientações necessárias.
Ao final de 2022, os trabalhadores analisaram o percurso trazendo subsídios importantes para a transformação do trabalho: a autoavaliação foi sentida como um alento em relação à intensificação do trabalho causada pela pandemia, mas também como mais uma tarefa ampliando a sobrecarga; os instrumentos de autoavaliação, construídos de forma participativa, ajudaram a compreender o trabalho; a rotatividade de gestores e demais trabalhadores dificulta a continuidade; temporalidades distintas entre os trabalhadores das equipes, gestores e usuários; a avaliação do trabalho deve se estender a todos os níveis de gestão.
Evaluation participative et co-construction : une intervention transformatrice du travail ?
La nécessité d'améliorer l'organisation et la coordination du travail en équipe, de qualifier les cadres et les autres travailleurs, de renforcer les soins complets, d'élargir la participation sociale, de faire face à la surcharge et à l'absentéisme dans les soins de santé primaires (SSP) a justifié la création, en 2019, du programme Qualis-APS dans le district fédéral, au Brésil.
Le programme vise à qualifier les soins de santé, dans un processus participatif et en co-construction entre les gestionnaires, les autres professionnels et les chercheurs, à travers la mise en place d'un système d'évaluation, guidé par la logique de l'ergogestion. Il y a plusieurs acteurs, plusieurs visions de la réalité, n'ayant pas une seule et meilleure façon de faire. Il est essentiel de prendre en compte les connaissances et l'expérience de ceux qui produisent les actions, en faisant d'eux des sujets d'auto-évaluation. En effet, il existe toujours une distance entre ce qui est normalisé, ce que le travailleur veut faire et ce qu'il peut faire. Il s'agit toujours de situations uniques, dans lesquelles il n'y a pas et ne peut y avoir de recettes toutes faites.
Cette étude présente l'expérience de la mise en oeuvre d'un système d'évaluation du travail d'environ 5 000 travailleurs d'équipes multidisciplinaires, répartis dans 165 établissements de santé et à différents niveaux de gestion des soins de santé primaires. Elle cherche à réfléchir à la manière dont cette intervention transforme le travail.
Un comité de pilotage a été formé, composé de gestionnaires et de chercheurs qui ont conçu le projet initial. Sept ateliers régionaux ont été organisés avec des professionnels et des utilisateurs afin d'obtenir des subventions pour le développement d'instruments d'auto-évaluation du travail. Ceux-ci sont basés sur l'expérience et les connaissances des travailleurs, associées aux prescriptions institutionnelles (construction participative des règles antérieures).
Un diagnostic des conditions structurelles des services a également été réalisé, afin que les travailleurs, lorsqu'ils analysent ce qu'ils font et comment ils le font, puissent associer cette analyse aux conditions matérielles de leur performance. L'objectif est que l'évaluation soit formative et ne se résume pas à une simple liste de contrôle sur le respect ou non des normes de qualité.
Par la suite, de nouveaux ateliers ont été organisés pour organiser l'auto-évaluation. Cependant, la pandémie de covid-19 a changé le plan, augmenté la surcharge de travail et l'absentéisme, retardant l'auto-évaluation, réalisée entre août et décembre 2021, suivie de l'élaboration et de la mise en oeuvre de plans d'action. Tous ces moments ont été marqués par la reprise des réunions d'équipe, l'allocation de temps pour l'analyse des situations de travail, à la recherche des réorientations nécessaires.
À la fin de l'année 2022, les travailleurs ont analysé le parcours en apportant d'importantes subventions pour la transformation du travail : l'auto-évaluation a été ressentie comme un encouragement par rapport à l'intensification du travail causée par la pandémie, mais aussi comme une autre tâche augmentant la surcharge ; les instruments d'auto-évaluation, construits de manière participative, ont aidé à comprendre le travail ; le roulement des gestionnaires et des autres travailleurs entrave la continuité ; des temporalités distinctes entre les travailleurs de l'équipe, les gestionnaires et les utilisateurs ; l'évaluation du travail devrait être étendue à tous les niveaux de la gestion.
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